Empresas cortam margens, adiam investimentos e reduzem descontos

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As oscilações bruscas do câmbio e a alta de quase 10% do dólar nos últimos 45 dias estão drenando as margens e comprometendo o caixa de empresas que dependem de insumos importados e têm dívidas em dólar. Entre os setores mais afetados, porque mantêm dívidas em dólar ou porque importam componentes, estão os de cabotagem, siderurgia, petroquímica, química fina e farmacêutico.

Com 95% dos insumos importados e com preços reajustados pelo governo uma vez ao ano, o setor farmacêutico é uma das presas do dólar volátil e elevado. Como a maioria dessas empresas não fez o chamado hedge (proteção contra as oscilações da moeda americana), um dos caminhos para amortizar a elevação do dólar será reduzir os descontos em medicamentos dados nas farmácias, explicou Nelson Mussolini, do Sindifarma.

Roberto Giacometti da Fonseca, da Kaduna Consultoria, estima que o dólar fechará o ano a R$ 4 ou mesmo acima disso. Com os EUA aumentando os juros por causa da inflação acima da meta, o que deve acontecer já na próxima semana, parte do capital hoje nos emergentes tende a migrar para o mercado americano.

-Não temos de nos espantar nem ficar indignados. Basta olhar o que está acontecendo no mundo, que é a valorização do dólar em relação à moeda de todos os emergentes – disse, para completar: – O problema não é a tendência, mas o efeito manada entre investidores, que cria a volatilidade de sobrevalorização ou subvalorização.