Nas lojas, juros nas alturas

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Varejista é mais tolerante com devedor para manter relação.
Redes ganham com parcelamento. Para consumidor, todo cuidado é pouco.

Apesar de cobrar juros mais altos nos seus cartões para compensar a alta inadimplência, o varejo é mais flexível do que o setor bancário na hora de cobrar. Segundo Fabrício Winter, da Boanerges & Cia, as lojas costumam propor acordos já no primeiro mês de atraso e hesitam em vender as carteiras de inadimplentes acima de um ano para firmas especializadas em recuperação. O objetivo é preservar o relacionamento.

– As varejistas temem que, ao vender a carteira podre, a cobrança seja agressiva a ponto de destruir a relação com o cliente. O objetivo é que ele continue. Para um banco, o inadimplente já não vale muita coisa, visto que a instituição não vai mais emprestar para ele – explica.

E as varejistas têm conseguido diminuir a inadimplência. No Carrefour, por exemplo, o percentual da carteira de crédito com atraso superior a 90 dias, caiu de 12,1% para 9,8% em um ano.

Os negócios financeiros das varejistas dão certo porque, além dos juros elevados do cartão, grande parte das receitas vem do parcelamento das compras com juros.

O cartão serve para as redes conhecerem melhor os clientes, mas do ponto de vista deles as vantagens não são tantas.

– O ideal é nem fazer cartão na loja. Há ouros no mercado com juros e anuidade menores. Mas, se tiver um desses, o cliente deve ter em mente que, em nenhuma hipótese, pode atrasar o pagamento. A fatura no próximo mês será absurda – alerta Rodrigo Alexandre, da Proteste.