R$ 39,3 bilhões para turbinar o consumo

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Governo libera o saque do PIS/PASEP para 28,7 milhões de pessoas desde o dia 18,

Não há forma mais rápida e eficiente de aquecer a economia do que colocar dinheiro vivo na palma da mão da população. Dada a baixa propensão do brasileiro a poupar, os destinos naturais de qualquer renda extra acabam sendo o pagamento de dívidas ou o consumo – ambos são positivos. De olho nesse efeito virtuoso, o governo liberou, desde o dia 18, o saque do PIS/PASEP para 28,7 milhões de pessoas que trabalharam entre 1971 e 1988. Em média, cada um tem direito a R$ 1.370, totalizando R$ 39,3 bilhões até o dia 28 de setembro, quando termina o prazo. “Esses R$ 39 bilhões são valores preciosos, que não pertencem à CEF ou ao governo, mas ao próprio trabalhador”, afirmou o presidente Michel Temer.

No fim de 2016, o governo havia tomado medida semelhante para aquecer a economia. Na ocasião, o presidente autorizou o saque das contas inativas do FGTS para 25,9 milhões de pessoas, injetando R$ 44 bilhões. Esse montante contribuiu para a expansão de 7,4% no comércio varejista ampliado (incluindo automóveis e materiais de construção) no ano passado. Em 2018, o varejo vem demonstrando bons resultados nas principais datas comemorativas. O desempenho do comércio em abril superou as expectativas dos analistas, com expansão de 1,3% em relação a março, segundo o IBGE.

Um estudo da CNC mostra que 25% dos recursos do FGTS (R$ 11 bilhões) liberados no ano passado foram efetivamente gastos no varejo. “Muitas famílias ainda estavam inadimplentes e priorizaram o pagamento de dívidas”, diz Fábio Bentes. “Agora, apesar de o volume do OIS/PASEP ser menor, mais pessoas devem gastar, o que deve resultar na injeção de R$ 10 bilhões ao varejo”. As consultorias ressaltam, no entanto, que o desempenho do comércio em maio e em junho será prejudicado pelas paralisações dos caminhoneiros em todo ao País.

Outro efeito que pode atrapalhar o consumo é a alta dos preços gerada pelo tabelamento do frete e pela valorização do dólar, que acumula ganhos acima de 12% no ano, frente ao real. “Os setores produtivo e industrial já sinalizaram que a variação para mais na logística de entrega encarecerá as mercadorias em percentuais que podem chegar a até dois dígitos de aumento”, diz em nota a Apas. “Aliado a isto, com a alta do dólar, não só a produção nacional, mas também produtos importados ou que levem matéria-prima importada no processo de fabricação sofrerão impactos nos preços”. Coloca-se em risco, assim, a preservação do poder de compra das famílias, que dependem de uma inflação baixa para continuar consumindo.