1% da população brasileira ganha 38,4 vezes mais que 50% mais pobres

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Rendimento desaba para menor valor desde início da pesquisa.

O rendimento médio mensal domiciliar por pessoa no Brasil caiu 6,9% em 2021, passando de R$ 1.454 em 2020 para R$ 1.353. Este é o menor valor da série, iniciada em 2012, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua: Rendimento de todas as fontes 2021, divulgada pelo IBGE. 

“Esse resultado é explicado pela queda do rendimento médio do trabalho, que retraiu mesmo com o nível de ocupação começando a se recuperar, e também pela diminuição da renda das outras fontes, exceto as do aluguel”, explica Alessandra Scalioni, analista da pesquisa, apontando a mudança nos critérios de concessão do auxílio-emergencial ocorridas em 2021 como uma das principais causas da queda no rendimento de outras fontes. 

  • A massa do rendimento mensal real domiciliar per capita caiu 6,2% ante 2020, chegando a R$ 287,7 bilhões em 2021, seu segundo menor valor desde 2012, quando ficou em R$ 279,9 bilhões. 
  • A queda do rendimento mensal domiciliar per capita foi mais intensa entre as classes com menor rendimento. 
  • Em 2021, o rendimento médio do 1% da população que ganha mais era 38,4 vezes maior que o rendimento médio dos 50% que ganham menos. 
  • A desigualdade cresceu para o conjunto da população e ficou praticamente estável para a população ocupada: o Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita aumentou de 0,524 para 0,544, enquanto o Gini do rendimento de todos os trabalhos variou de 0,500 para 0,499 (quanto maior, pior: índice 0 corresponde à completa igualdade, e 1 à completa desigualdade). 
  • O percentual de pessoas com rendimento na população do país caiu de 61% em 2020 para 59,8% em 2021, o mesmo percentual de 2012 e o mais baixo da série. 
  • O rendimento médio mensal real da população residente com rendimento foi o menor da série histórica nos seguintes tipos: todas as fontes de rendas (R$ 2.265), em outras fontes (R$ 1.348), em aposentadoria e pensão (R$ 1.959) e em outros rendimentos (R$ 512). Tais quedas podem ser explicadas, também, pela inflação, segundo o IBGE. 
  • De 2020 para 2021, apesar do aumento da população ocupada, a massa do rendimento mensal real de todos os trabalhos caiu 3,1%, indo de R$ 223,6 bilhões para R$ 216,7 bilhões. 
  • De 2020 para 2021, o percentual de domicílios com alguém recebendo “Outros programas sociais”, categoria que inclui o auxílio-emergencial, caiu de 23,7% para 15,4%, enquanto a proporção de domicílios com beneficiários do Bolsa-Família aumentou de 7,2% para 8,6%.