Especialistas explicam por que algumas pessoas ainda se recusam a respeitar as regras sanitárias.
Do ponto de vista biológico, somos iguais “de fábrica”: no lobo frontal do cérebro está a região responsável pela tomada de decisões, pela moral e o respeito às regras.
Mas essa é a última região do cérebro humana a amadurecer.
Como ela vai se desenvolver é parte de um processo complexo de educação, formação familiar, construção social e outras influências, que não são as mesmas para todos.
É nesse emaranhado de fatores biológicos, psicológicos e sociais que residem as respostas para algumas perguntas que vieram à tona na pandemia.
Por que é tão difícil para algumas pessoas respeitarem regras de prevenção e cuidado, como uso de máscaras e distanciamento social, em meio ao número expressivo de casos e óbitos por Covid-19 no país?
E, sobretudo, por que outras acreditam que um diploma ou um cargo as eximem de obedecer normas que valem para o resto da sociedade?
– Uma coisa é como aprendemos as regras de forma geral, e outra é como as tornamos nossa e as obedecemos de forma autônoma – explica o psicanalista Christian Dunker, da USP.
Pesquisadores associam o comportamento à ideia de narcisismo: a lei foi feita não para todo mundo, mas para punir alguns e privilegiar outros.
– É um entendimento muito atrasado, diz Dunker.
Uma pesquisa recente do Ministério da Saúde mostra que apenas 37,5% dos brasileiros seguem todas as práticas recomendadas para a prevenção da Covid-19, como fazer isolamento social, lavar as mãos ou trocas roupas e sapatos ao chegar em casa.