Estudo propõe o polietileno como o tecido sustentável do futuro

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Engenheiros do Massachusetts Institute of Technology (MIT) desenvolveram tecidos auto-resfriadores feitos de polietileno, material usado em sacolas plásticas, que aspiram a se tornar “o tecido do futuro”, mais sustentável do que o algodão e outros materiais.


Em sua pesquisa, que foi publicada na segunda-feira (15) na revista britânica Nature Sustainability, os engenheiros garantem que o polietileno é “fino e leve” e, portanto, uma vestimenta desse material “poderia manter a pessoa mais fresca que a maioria dos tecidos, já que elimina o calor em vez de conserva-lo”.


De acordo com Svetlana Boriskina, pesquisadora e cientista do Departamento de Engenharia Mecânica do MIT, sacolas plásticas, que muitas vezes acabam no oceano, provocando sérios problemas ambientais, podem ser coletadas e recicladas em um “tênis ou moletom”.

Embora nem tudo é positivo, uma vez que esse material também retém com água e suor facilidade e é incapaz de expelir e evaporar a umidade, propriedades que até agora desestimulam a sua adoção em peças de vestuário.

A estrutura da molécula do polietileno tem uma arquitetura semelhante à do Teflon, que resiste à aderência à água.

Por esse motivo, Boriskina afirmou que todas as pessoas com as quais entraram em contato lhes disseram que “não daria certo como têxtil”, mas seguem tentando.

Os pesquisadores começaram usando polietileno em sua forma em “pó” e usaram equipamentos de manufatura têxtil para “derreter e transformar” o material em fibras finas.

No processo, eles descobriram que o material “oxidava ligeiramente” e alterava a energia da fibra de polietileno, tornando-a “pouco hidrofílica e capaz de atrair moléculas de água”.

Depois de tecer o fio em tecidos, eles testaram sua absorção em relação ao algodão, náilon e poliéster, mergulhando os tecidos e calculando o tempo que leva para o líquido ser absorvido.

Eles também colocaram cada tecido em uma balança sobre uma gota d’água e mediram seu peso durante o processo de evaporação.
Em cada teste, o polietileno retirou e evaporou a água mais rápido que o restante dos tecidos.

Embora tenha perdido parte de suas capacidades absorventes com a repetição, segundo Boriskina, ao “resfriar o material e esfrega-lo”, ele se tornou hidrofílico novamente.

A coloração também foi um desafio, e teve que ser acrescentada ao material seco, evitando submergi-lo em “soluções de produtos químicos agressivos” e permitindo que, ao final de seu ciclo de vida, seja possível “derreter, centrifugar e recuperar as partículas para usa-las novamente”, admitiu Boriskina.

Por isso, os pesquisadores defendem que o polietileno, pelas suas propriedades físicas e pelo seu processo de fabricação, tem uma “pegada ecológica” menor que o poliéster e o algodão, e também requer menos energia para lavar: bastam dez minutos no ciclo frio.

“Ele não fica sujo porque nada gruda nele”, destacou Boriskina.

A equipe de pesquisadores do México, Estados Unidos, Itália ou Coréia do Sul, entre outros, está explorando agora como incorporar tecidos de polietileno em roupas esportivas, roupas militares e até mesmo roupas espaciais de última geração.