Varejistas globais e fabricantes de bens de consumo estimam que o comportamento do consumidor permanecerá imprevisível no futuro próximo, disseram executivos da indústria durante uma conferência em Dublin, nesta semana.
Desde o início de 2020, o Índice de Preços STOXX Europe 600 Retail EUR perdeu mais de um quinto do seu valor. O índice equivalente para fabricantes europeus de alimentos e bebidas caiu mais de 4%.
Naquela época, as tensões políticas aumentaram; a mudança climática entrou em “outro estágio de crise”; o macroambiente mudou drasticamente; e a pandemia de Covid-19 ainda estava em andamento, disse o presidente-executivo do Carrefour, Alexandre Bompard, durante a Consumer Goods Forum’s Global Summit, nesta terça-feira (21/06).
“Para nós, como CEOs, isso significa que a crise é o novo normal”, disse Bompard. “O que estivemos acostumados nas últimas décadas – inflação baixa, comércio internacional – acabou. Não é o novo mundo.”
Uma séria crise na cadeia de suprimentos também estremeceu as indústrias de manufatura e bens de consumo no ano passado, com remessas presas em engarrafamentos devido a fatores como bloqueios pandêmicos, compras de pânico e sanções impostas à Rússia devido à invasão na Ucrânia, que começou em fevereiro.
A gigante de logística Maersk, que transporta mercadorias para empresas como Walmart e Nike, disse que o custo do transporte de carga aumentou de 25 a 30% devido a uma série de pressões inflacionárias e “não devem diminuir no curto prazo”.
As empresas de bens de consumo devem se acostumar com a ideia de “a crise ser mais ou menos o novo normal” enquanto lutam contra a inflação crescente, as mudanças climáticas e uma crise alimentar global, disse o presidente da Unilever, Alan Jope, nesta terça-feira (21). “A mãe de todas as crises é, obviamente, a emergência climática”, disse ele.
Os problemas contribuíram para o aumento da inflação. “A inflação é uma dinâmica, particularmente na Europa, à qual precisamos começar a nos acostumar”, disse Ayla Ziz, head global de vendas da Danone, à Reuters
Tobias Wasmuht, CEO da SPAR International, disse que está tentando mitigar o impacto cortando custos e tornando-se mais eficiente, mas alertou que os custos crescentes de ingredientes e matérias-primas serão repassados aos compradores.