Mais da metade dos brasileiros são a favor da paralisação do comércio e demais atividades.
Para evitar perdas, fábricas param produção.
Com o Brasil estando no momento mais delicado de toda pandemia, ultrapassando a marca de três mil mortes em 24 horas, o atendimento de saúde entrou em colapso em grande parte das capitais.
Para diminuir a rápida transmissão do vírus, governos estaduais e municipais adotaram medidas mais restritivas de circulação, que consiste no fechamento de comércios e atividades durante um período determinado.
Esse cenário de incertezas vem gerando uma angústia aos brasileiros – tanto pela ótica de saúde pública quanto econômica.
A mais recente pesquisa Exame/Ideia divulgada mostra que que 53% dos brasileiros são a favor do Lockdown no país.
Para este cenário, 22% são contrários, 19% nem a favor nem contra e 6% não sabem.
Os grupos mais favoráveis são os mais velhos, a região Norte e faixas mais altas de renda e escolaridade.
Além disso, há uma correlação positiva entre avaliar o governo ruim/péssimo e ser a favor do Lockdown.
Prejuízos
São Paulo e Rio de Janeiro anteciparam feriados para tentar diminuir o número de pessoas circulando nas ruas.
Sobre fechar setores da economia, os brasileiros se preocupam com a duração do Lockdown.
Entre os respondentes, 26% afirmam que nada deve mudar e 23% dizem que são autônomos e que o Lockdown reduz a demanda pelos serviços ou produtos que oferecem. 13% acreditam que correm o risco de serem demitidos e outros 13% continuarão trabalhando, mas sua jornada de trabalho será reduzida, o que resultaria em um impacto na renda.
Entre os jovens o medo da demissão se instaura, 39% temem ser demitidos ou ter redução de renda por causa de Lockdown nas regiões onde vivem.
Já 82% dos que têm renda até um salário-mínimo esperam que o auxílio emergencial volte a ser pago em março.
Análise do setor varejista
O agravamento da pandemia e a adoção de medidas restritivas mais intensas neste ano, inclusive com Lockdown em muitas regiões do Brasil acendeu um alerta aos empresários.
Em reunião Plenária realizada no último dia 22 de março, as empresas associadas ao IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo) manifestaram grande preocupação com a possibilidade iminente de demissões em massa no varejo em todo o país diante do fechamento de lojas em todo o território nacional e a lentidão do governo em reeditar o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego, criado no ano passado, por meio da Medida Provisória 936, e encerrado em dezembro de 2020.
Segundo o presidente do IDV, Marcelo Silva, “a despeito de todo o empenho da equipe técnica do Ministério da Economia, a Medida Provisória precisa ser publicada com urgência para evitar medidas extremas, como demissões no varejo, agravando ainda mais a crise de empregos no país.
Por isso, necessitamos de urgente sensibilidade para a publicação da MP”.
O impacto na pandemia no Brasil já causou inúmeros fechamentos de lojas e demissões e, os que conseguiram resistir, esperam ansiosos pela vacinação em massa da população para voltar a investir.
Como fica a indústria com o Lockdown.
Com receio de acumular estoques indesejados por falta de demanda, a indústria vem reduzindo ou mesmo paralisando sua produção.
Recentemente, Honda e Hyundai pausaram atividades, juntando-se à General Motors, Volkswagen, Mercedes, Scania, Nissan, Renault, VW Caminhões e Ônibus e Toyota.
Desde a segunda quinzena de março, o varejo começou a segurar pedidos para não acumular estoques, segundo o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV).
Isso porque um iminente Lockdown no país vem gerando um movimento de tentar diminuir as perdas.
Sondagem recente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) mostra que 35% dos associados enfrentam atrasos de produção e entregas ao varejo.
Em 10% das fábricas, parte da produção já teve que ser paralisada em razão da falta de componentes eletrônicos.
Com essa postura do varejo, a situação da indústria tende a ser intensificada.