Não é de hoje que o varejo, assim como a economia em geral, vive de ondas sazonais com formatos de lojas que vendem uma ideia de futuro, quando na verdade entregam apenas um presente com prazo de validade bem curto.
Atualmente, vivemos dois grandes ‘booms’ no mercado brasileiro: as lojas autônomas, que ganharam força nos últimos anos, e o famigerado cash & carry, que conquistou notoriedade há pouco mais de 10 anos e figura agora como grande destaque na expansão das principais redes varejistas do país.
A Referência da Expansão Nacional
O cash & carry, ou atacarejo, é atualmente a grande estrela do varejo nacional.
Impulsionado pelas crises que o país viveu ao longo dos últimos anos, o formato com baixo custo operacional e preços muito competitivos cresceu rápido, canibalizou o hipermercado, e já soma mais de 2 mil lojas no Brasil, com faturamento que alcançou R$ 230 bilhões em 2021, segundo dados da Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviços (Abaas).
O número não deve parar por aí, até porque o formato norteia a expansão dos principais grupos varejistas do país e ainda ganha novos entrantes, como o Grupo Zaffari, que resistiu todos esses anos, mas anunciou sua chegada ao mercado, com a bandeira Cestto, em 2022.
Lojas Autônomas
O modelo de lojas autônomas lembra recentes investidas do mundo do franchising, com expansões aceleradíssimas que, em pouco tempo, frustraram franqueadores e franqueados.
O paralelo com as franquias se justifica pois boa parte das empresas de operações autônomas optou por esse modelo de negócio para se expandir e ganhar escala.
Os números projetados no início dessa onda são bastante expressivos.
Um levantamento do Jornal Giro News, realizado no segundo semestre de 2021, avaliando o plano de expansão das principais redes do modelo, apontou que o Brasil teria, até 2025, cerca de 110 mil unidades em operação ? grande parte delas de startups.
Os Fenômenos que Derreteram
Dos exemplos recentes do franchising, citados anteriormente, estão as lojas de frozen iogurte e paleterias.
Foram fenômenos que mobilizaram o mercado como um todo, mesmo sem qualquer embasamento em dados, vendiam um conceito de um formato inovador e sustentável, mas que naufragou tão rápido quanto surgiu.
Para se ter ideia do tamanho da queda, a rede Los Paleteros, que era uma das principais do país, vendeu R$ 72 milhões em paletas mexicanas no verão de 2014. No ano seguinte, o número foi 8 vezes pior.
Movimento Atual
Voltando ao canal alimentar, atualmente 72% das inaugurações estão concentradas no atacarejo e vizinhança (que inclui os modelos autônomos), segundo dados da Bnex.
As redes de lojas autônomas, sobretudo as mais ousadas no boom do ano passado, já desaceleram suas inaugurações, assim como a presença na mídia e as projeções para os próximos anos. Já o cash & carry vem fazendo o que já provou fazer muito bem: se adaptar. Há 10 anos, quando seu principal público ainda era o profissional (transformador ou revendedor), as redes identificaram a tendência do consumidor final nas lojas e se adaptaram.
Agora, com este cliente cada vez mais presente em seus pdvs, aumenta a necessidade de entregar experiência, e o canal está mudando outra vez! Cada vez mais parecido com um hipermercado.