As interdições em estradas realizadas por caminhoneiros e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro podem ocasionar perdas superiores às registradas por ação similar em 2018, que causou retração de 5,8% no volume de vendas, com perda diária de R$ 1,8 bilhão. A projeção é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O custo total para o varejo, em valores atuais, foi de R$ 18 bilhões, contabilizados ao longo dos 10 dias de bloqueios em 2018. De acordo com a entidade, a maior dependência que as empresas passaram a ter de serviços de entregas agrava o cenário do comércio, uma vez que o setor passou a operar com estoques reduzidos. O último balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF), divulgado hoje (03), aponta que há 86 pontos de bloqueio ou interdição em rodovias federais, em 11 estados.
Abastecimento nos Supermercados
Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), 70% dos pequenos supermercados em Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal, tiveram problemas de abastecimentos em frutas, legumes, verduras, carnes e laticínios, por conta dos bloqueios nas estradas. Algumas regiões do interior de São Paulo e do Rio de Janeiro também apresentaram dificuldades nesta semana. “Os grandes supermercados têm centros de distribuição e possuem estoque que conseguem suprir estas mercadorias de perecíveis a seus clientes”, afirmou Marcio Milan, vice-presidente da Abras. Já a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) estima que o setor tenha perdas de pelos menos R$ 700 mil a cada dia de bloqueios nas estradas. E-commerces e Restaurantes
As interdições também começaram a afetar as plataformas de e-commerce. O marketplace Mercado Livre, por exemplo, aumentou o prazo das entregas em algumas localidades. Já o Magazine Luiza vai usar suas lojas como mini centros de distribuição, para não alterar o prazo de entrega aos clientes. No setor de food service, os estados localizados no Sul do país estão sendo os primeiros a sentir o impacto do desabastecimento de alimentos, segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). Em Santa Catarina, alguns fornecedores revelaram que não realizarão entregas que estavam programadas.
Impactos no Abastecimento – Perdas do comércio com bloqueios podem superar 2018
