Enquanto o comércio em geral ainda sofre com a pandemia, o mercado de luxo segue em uma linha progressiva de crescimento
Enquanto uma parte considerável da população passou por um intenso momento de crise por causa do coronavírus, quem tinha recursos e bastante poder de compra movimentou um setor diferente.
Impedidos de viajar para o exterior, a classe alta brasileira aqueceu o mercado de luxo por aqui, o que favoreceu algumas das marcas de roupa, calçados e acessórios: as vendas representaram o dobro do que foi representado em 2019.
Ainda que a pandemia tenha sua contribuição para o aquecimento desse mercado, uma parte considerável desse investimento não aconteceu só por causa dela.
O aumento das vendas por aqui também teve essa movimentação devido à desvalorização do real.
Assim, com o dólar mais alto e o fechamento das fronteiras de países europeus e norte-americanos, os produtos nacionais de luxo ganharam relevância.
Segundo dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), as lojas para o público comum não registraram no mesmo período um crescimento em suas vendas da mesma forma que o mercado de luxo.
Na semana do dia 12 a 18 de julho de 2021, as vendas em shoppings e centros comerciais foram 16% menores, se comparadas ao mesmo período em 2019.
Luxo em alta: olhos abertos ao mercado no Brasil
Se antes da pandemia comprar roupas de lojas internacionais no Brasil parecia perda de dinheiro, hoje, o valor é equivalente ao de fora — graças ao valor do dólar.
É o que mostram os dados da JHSF, empresa pertencente ao shopping Cidade Jardim com produtos e empreendimentos de alto valor, voltados à população mais rica do país: os lojistas nacionais apuraram vendas até 50% maiores nos meses de maio, junho e julho de 2021, em comparação com 2019.
E para as lojas internacionais, o crescimento ultrapassou os 100%.
Em entrevista à Exame, Cristina Anne Betts, diretora financeira e de relações com investidores do Iguatemi, destacou que o varejo de luxo tem vivido um ritmo de Natal desde maio, inclusive nas lojas físicas.
“Os consumidores estão mais acostumados com os protocolos de segurança.
Além disso, retornaram para a vida cotidiana: não estão mais na casa de praia ou de campo, estão nas próprias casas, com os filhos frequentando a escola presencialmente.
É um quadro de mais normalidade que contribui para o consumo de artigos de luxo”, comentou à Exame.
No ano passado, pico da pandemia, esse mercado já dava sinais de crescimento tanto para o período de isolamento social quanto como alternativa à alta do dólar.
Dados encomendados pela FashionUnited, recolhidos pela Infracommerce — que trabalha com Dior, Oakley, Dailus e Montblanc —, mostram que o mercado de luxo apresentou um aumento de 93% no ao de 2020.